2.2 SISTEMAS DE EDIÇÃO DE VÍDEO

 

Existem dois tipos de sistemas de edição de vídeo, o linear e o não-linear. O processo linear advém da forma como se tem acesso ao material audiovisual, em bruto, e está relacionado com a ordenação da sua versão final. A metodologia técnica da edição de vídeo é feita à base da escolha e da ordenação de planos. Uma das principais diferenças entre a edição de vídeo linear e não linear, é o facto da edição linear ser muito rudimentar e em bruto, (ex.: Para visualizar o Plano nº3; é necessário passar pelo plano nº1 e nº2). Já a edição de vídeo não linear é muito mais rápida pois é tratada num sistema informático, permitindo assim o fácil acesso a todos os conteúdos de multimédia.

Todos os sistemas de edição de vídeo que utilizam fita são considerados não lineares independentemente do material audiovisual em bruto esteja gravado em sinal analógico ou digital.

Mais relacionada com a informática destaca-se a edição de vídeo não-linear, porque existe a possibilidade de todas as imagens serem processadas de modo aleatório, uma vez que se encontram todas escritas no disco rígido de um computador.

A maior diferença entre estes dois sistemas mudou o conceito e a prática da edição de vídeo. A edição de vídeo linear é basicamente uma seleção de planos que são copiados para uma segunda fita sobre uma determinada ordem. Já a edição de vídeo não linear possibilita a organização seleção e edição de diferentes planos. O principal princípio de edição de vídeo não linear é a organização de áudio e vídeo por uma ordem específica.

A edição linear requer um maior planeamento do editor, pois este tipo de trabalho (tal como o nome sugere) segue uma linha, um princípio. Torna-se mais difícil reeditar uma secção editada.

 

2.2.1 SISTEMA DE EDIÇÃO LINEAR DE VIDEO: INSERT E ENSABLE

 

Antes de começar o seu trabalho o editor, respeitando as regras da edição linear de vídeo, pode escolher entre dois métodos de edição: insert e ensable. Mas antes é preciso compreender o seu significado.

Para isso temos de introduzir um ponto muito importante no mundo da edição. Em 1967 sobre o patrocínio da "Society of Motion Picture and Television Egineers of the United States of América", é introduzido um método que permitia identificar em horas, minutos e segundos cada frame que estava representado na fita, ate ao “código de tempo “ que é utilizado hoje em dia. Este foi o sistema mais utilizado por todos os editores. Esta invenção permitiu um grande avanço no campo da edição de vídeo, porque não só permitia a identificação de fotogramas, como também facilitava o seu acesso.

As grandes vantagens da identificação dos fotogramas são essencialmente 3:

Primeira, a duração de um programa pode ser determinada com a precisão de um fotograma . Segunda, por meios eletrónicos é possível o intercâmbio entre sistemas através do código de tempo, o que tornou possível a existência dos sistemas de edição off-line. Terceira, os magnetoscópios podem ser sincronizados com uma precisão absoluta no processo de edição de vídeo.

Normalmente uma fita de vídeo é constituída por 4 faixas: uma pista de vídeo, duas pistas de áudio e uma última pista de controlo.

Esta última pista (controlo) é constituída por impulsos eletrónicos que são sincronizados para poder ser localizado um frame específico através do timecode. Deste modo os impulsos de sincronização são aplicados quando a fita é gravada.

Na edição por insert, a pista de controlo permanece inalterada, dito por outras palavras, não se gravam e não se apagam os impulsos eletrónicos nesta pista, respeitando os que a fita tinha gravado anteriormente.

Por este motivo, quando se usa este método de edição de vídeo, o editor tem de utilizar uma fita previamente gravada sem interrupções. Assim, o editor tem de preparar a fita antes de iniciar a edição de vídeo, efetuando uma gravação a negro, isto é, efetuando um registo sem sinal de vídeo e de áudio.

Já na edição por ensamble, os sinais de vídeo e áudio estão gravados em simultâneo com o timecode e a pista de controlo. Neste método de edição de vídeo, o conteúdo de uma fita de vídeo é substituído na íntegra, ou seja, o videogravador, quando grava, substitui o sinal registado: vídeo, som, código de tempo e pista de controlo.

Comparando os dois tipos de edição, a edição por insert apresenta grandes vantagens ao invés da edição por ensamble.

A edição por insert é capaz de eliminar falhas como saltos e distorções na imagem (que resultam da instabilidade da pista de controlo); o som e a imagem podem ser editados de forma independente (dando assim a escolha ao editor se decide trabalhar a partir do áudio ou da imagem); por ultimo, tal como o nome indica, é possível fazer um insert, ou seja, é permitida a alteração de planos e imagens em qualquer ponto da fita sem ter que transcrever a fita inteira. Por este motivo é que atualmente o método de edição escolhido pelos editores é o insert.

A edição por ensamble é recomendada, apenas, quando o editor tem a intenção de fazer a junção de planos na mesma linha. O método de ensamble também é utilizado quando se pretende acrescentar novas sequencias a seguir as que foram gravadas. Por sua vez a edição por ensamble serve também quando o editor pretende duplicar uma fita de forma direta e sem interrupções.

 

2.2.2 MODALIDADES DE EDIÇÃO: CORTE E A/B ROLL

 

Quando o editor pretende fazer a ligação entre dois planos na mesma fita recorre à edição por Corte e A/B Rolll. Trata-se de um tipo de edição simples em que a ligação feita entre dois planos é feita através de um corte.

Na edição A/B Rolll, o editor necessita de dois videogravadores, dois como fontes de vídeo e outro como gravador. Se introduzirmos entre os videogravadores, um misturador de vídeo o editor tem a possibilidade de introduzir efeitos especiais, títulos e misturas de áudio entre os dois videogravadores. Sendo assim possível uma união entre planos mais suave, com a utilização de transições entre planos (por exemplo o dissolve).

Além do A/B Roll permitir a aplicação de efeitos e o uso de 3 VHS em simultâneo, este pode tornar o tempo de edição mais curto, pois enquanto um videogravador passa a fita do início para o fim, o outro rebobina a fita para um novo ponto e o terceiro é utilizado como um reprodutor.

A principal vantagem da edição em A/B Roll é que o editor tem acesso ao material visual bruto em pelo menos duas fontes diferentes, tornando-se assim um método mais flexível.

 

2.3 SISTEMAS DE EDIÇÃO DE VIDEO: NÃO LINEAR

 

Nos dias que decorrem a maioria dos sistemas de edição de vídeo não linear estão assentes em computadores, quer seja em hardware ou software, que possibilitam a captura e a digitalização, bem com a edição do material audiovisual em bruto, para depois se proceder ao armazenamento do mesmo em discos rígidos.

No entanto ate chegarmos ao atual sistema de edição de vídeo não linear, ainda houve, um grande processo de evolução. Pode-se considerar que a evolução dos sistemas de vídeo não linear subdivide-se em três gerações: A geração inicial era baseada na fita de vídeo; a segunda era em laserdisc; e a terceira, mais recente, é armazenada em computador.

Devido a tecnologia utlizada na altura cada sistema possuía as suas características , mas os objetivos eram os mesmos: obter o acesso direto e rápido ao material audiovisual no estado bruto; conseguir uma edição não sequencial (diferente da edição linear); reduzir o tempo de edição e efetuar modificações com facilidade.

 

2.3.1 SISTEMAS DE EDIÇÃO DE VÍDEO: NÃO LINEAR BASEADOS EM FITA DE VÍDEO

 

Baseado em fita de vídeo e formado por vários magnetoscópios este foi o primeiro sistema de edição de vídeo não linear, após inseridas as cópias, um computador, tratava da parte da edição e por ultimo um magnetoscópio que funcionava como um gravador que registava a edição final.

O sistema de edição de vídeo não linear foi apresentado com o nome CMX600 pela empresa CMX Systems, por volta da década de 70. Inicialmente este sistema estava bastante limitado no que respeitava a sua capacidade do processamento e a perda de qualidade após algumas cópias, para além de ser era um sistema muito dispendioso.

Mais tarde, em 1984, surgiu a MONTAGE PICTURE PROCESSOR, um ano depois a EDIFLEX e a TOUCHVISION, em 1986.

O objetivo destes dois sistemas distintos (apresentavam métodos e interfaces diferentes) era o mesmo, obter uma edição não linear perante a utilização de múltiplos equipamentos, isto é, fazendo uso de várias fontes de imagem e áudio.

Apesar destes equipamentos serem sistemas de edição e vídeo não linear ainda não providenciavam o acesso a imagens e ao vídeo de maneira aleatória, ou seja, o material em bruto continuava a ser sequencial, pois ainda se utilizava a fita de vídeo.

 

2.3.2 SISTEMAS DE EDIÇÃO NÃO LINEAR DE VIDEO BASEADOS EM LASERDISC.

 

A segunda geração de sistema de edição não-linear de vídeo fazia uso de laserdisc. Este sistema tinha como objetivo primordial resolver os problemas relacionados com o tempo de acesso ao material audiovisual. Uma das grandes vantagens deste sistema, em relação ao sistema de edição não-linear de vídeo baseado em fita, tinha a ver com a qualidade de imagem. Ao contrário do que acontecia na fita, a imagem armazenada em discos óticos não se deteriorava.

Uma das principais vantagens apresentadas relativamente ao antigo sistema não linear de fita de vídeo era a velocidade disponível para aceder às imagens em bruto, já a gravação em laserdisc, possibilitava o acesso aleatório do material audiovisual. Pondo isto em prática, se o editor pretende-se visualizar o plano número 3, não teria de passar pelo plano 1 e 2.

Ainda assim, ambos os sistemas de vídeo não linear (de fita e laserdisc) partilhavam características semelhantes, do mesmo modo que a edição de fita era realizado o sistema de laserdisc, também era baseado em vários VTRs (vídeo tape recorder), mas esta segunda geração já disponibilizava o mesmo material audiovisual em bruto mas em diferentes dipositivos óticos de vídeo, oferecendo assim um acesso mais rápido e tornando as edições mais fáceis. A empresa LucasArts Editing Systems, apresentou em 1984, o primeiro sistema baseado em laserdisc com o nome de EDITDROID I. Já em 1989, a mesma empresa, lança a segunda versão deste sistema, o EDITDROID II. Porém o futuro da edição não linear não estava minimamente perto destes dois sistemas.

Fig. 2Leitor de Laserdisc's

 

2.3.3 SISTEMAS DE EDIÇÃO NAO LINEAR DE VIDEO EM DISCOS MAGNÉTICOS.

 

O último e atual sistema de edição de vídeo não linear é baseado em discos magnéticos e surgiu nos finais da década de 80.

Inicialmente, os sistemas de discos magnéticos eram muito dispendiosos e pouco eficientes, para além disso era necessário funcionários qualificados para operar este sistema.

Apesar de todas as contrapartidas, os métodos de edição não linear de vídeo revolucionaram a natureza do meio como se armazena o material audiovisual em bruto e a forma de como se lhe tem acesso. Isto é possível através da combinação dos métodos tradicionais, juntamente com os avanços de processamento digital e o uso de um interface informático para o controlo e visualização audiovisual.

Foi através da evolução verificada no campo da informática, no início dos anos de 1990, que os sistemas de edição não-linear de vídeo baseados em discos magnéticos se impuseram no mercado da edição digital de vídeo.

Os sistemas de vídeo de edição digital não-linear de vídeo partilham várias características. A primeira característica é que estes sistemas estão implementados em plataformas digitais; segunda, são sistemas que permitem o acesso aleatório ao material audiovisual, possibilitando, desta forma, o acesso imediato a qualquer ponto da gravação; terceira, são sistemas de edição não destrutivos, na medida em que o editor não executa nenhuma edição que afecta fisicamente o material audiovisual em bruto. Para concluir, o sistema de vídeo não linear define-se como um sistema que possui potencialidades híbridas e edição no espaço e no tempo.

Uma das principais vantagens dos sistemas de edição de vídeo não linear é o uso de discos magnéticos como base, é o acesso aleatório do material audiovisual em bruto e do editado, a rapidez com que a procura de imagens e áudio é feita. Caso seja necessário fazer modificações em ficheiros audiovisuais já editados, com esta tecnologia, torna-se muito mais fácil e rápida, uma vez que o editor pode alterar, a qualquer momento, a ordem dos planos, acrescentar ou retirar planos em qualquer ponto do documento sem ter de refazer tudo de novo.